Outro dia na rua, passei na frente de uma joalheria e vi na vitrine uma bela pérola. Uma pérola grande, com brilho misterioso, formato perfeitamente esférico, daquelas que ficamos naturalmente mesmerizados ao olhar. O preço na etiqueta eu nem me dei o trabalho de olhar, sabia que não ia me agregar valor nenhum mesmo.
Não são todos que sabem sobre a origem da pérola, de como ela é formada e de onde vem. Alguns sabem que vêm das ostras, aquelas mesmas que comemos gratinadas, ou arriscando na praia mesmo com limão e sal na hora. Iguaria deliciosa pra uns, jóia rara pra outros. Eu vejo a pérola sob outros olhos; vejo um trabalho dedicado, superação… e paciência.
A pérola é criada por moluscos bivalves como as ostras em resposta a uma ameaça externa: quando algum corpo estranho passa pela defesa das conchas, a ostra reage secretando uma substância chamada madrepérola, em sua composição quase que 100% cálcio, que envolve o corpo estranho e o isola da ostra.
A ostra então dá início a um trabalho dedicado, vagarosamente enrolando e envolvendo a impureza na madrepérola em várias camadas, até que esta endurece, calcifica e, ao decorrer de várias semanas e meses, se torna uma bela pérola brilhante. E a impureza original está seguramente contida dentro do material.
Eis que é este o trajeto da pérola, e por conta deste processo, algumas ostras conseguem acumular múltiplas pérolas ao longo de uma vida completa. O ser humano, com seu desejo por maior volume e perfeição, às vezes “acelera” o processo artificialmente injetando pequenas impurezas à força dentro das ostras em criadouro para colher pérolas maduras em espaços de tempo mais curtos.
É comendável como aquela impureza – aquele parasita – que buscava destruir a ostra é propriamente transformado numa verdadeira obra de arte, com valor comparável a de uma pedra preciosa. E isso se aplica a nós também.
Em várias formas, a pérola é metáfora para a vida e o sucesso humano. Quantas vezes, por exemplo, não somos expostos ao desconforto, à ameaça ou até mesmo o perigo de forma natural ou induzida? A maneira que reagimos aos nossos problemas e ameaças pode fazer toda a diferença na hora de aprendermos e nos fortalecermos. Se aceitamos o desafio, podemos aprender e com a experiência produzir algo extraordinário.
Pense em quantas pérolas você carrega na sua vida, produzidas e polidas com o seu próprio suor. Quantos parasitas já processou e transformou em belas pérolas de valor de vida? Pense também nas dificuldades e irritações que tem passado recentemente. O que você vai fazer a respeito destas? Você pode sucumbir e desistir de lidar com os problemas.
Ou poderá enfrentá-los e produzir outra bela pérola.
Abraços e seguimos em frente!
Aquele tipo de texto que eu gostaria de ter escrito. Parabéns!
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Que bom que gostou, Marcelo!
É difícil, mas às vezes gosto de escrever uma prosa. Precisa só da inspiração certa pra acontecer! Ler crônicas ou outros colunistas ajuda também.
Abraços e seguimos em frente!
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eu penso em escrever um livro falando sobre dinheiro, investimentos, vida dessa forma, sem necessariamente falar sobre dinheiro, números e contas.
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A idéia é boa mesmo. Educação financeira por analogia!
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já anotei aqui para não esquecer 🙂
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