O século 21 é o século da velocidade, ou pelo menos é o que se parece.
Com a velocidade das transmissões, da telecomunicação e do transporte aumentando, nada mais natural para o ser humano de hoje querer tudo para ontem. Esta velocidade, combinada com a ubiquidade dos nossos Best Friends Forever smartphones, é o símbolo da era digital. Sempre conectado, e recebendo tudo instantaneamente, claramente o mundo digital é resumido pela palavra “velocidade,” certo? Não exatamente.
Na minha opinião, a palavra mais importante é a agilidade. A razão é simples: ao passo que a velocidade nos ajuda a tomar decisões críticas, somente velocidade não é o suficiente para alcançar a meta. Para averiguar os resultados de uma decisão e corrigir os erros consistentemente para atingir nossas metas mais rápido, é necessário ser ágil, especificamente através do ciclo OODA.
O ciclo OODA
Possivelmente o melhor exemplo da agilidade moderna, o ciclo OODA é uma abreviação para Observe, Orient, Decide, Act. Fora inventado por John Boyd, coronel da Força Aérea dos Estados Unidos, na década de 1960 como um novo paradigma para o treinamento de pilotos de caças que tinha como objetivo simplificar o processo de decisões dos pilotos, assim como maximizar a eficiência em combate.
O ciclo OODA consiste em quatro fases:
- Observe: observe a situação por fora como um todo. Comece a identificar pontos onde você pode atuar para melhorar a situação.
- Orient: ao ter identificado algum ponto de atuação, estude o que você pode fazer para melhorar a situação. Está dentro de suas possibilidades? Se sim, como? Trace a estratégia para você atuar.
- Decide: coloque todos os prós e contras da sua estratégia na mesa e decida. É possível? Arriscado demais? O esforço vale a pena? Enumere a sua análise e decida se vale a pena prosseguir ou não. Não há mais retorno depois deste ponto.
- Act: uma vez feita a decisão, siga em frente com o plano até o fim e não olhe para trás. Siga todos os passos da execução listados anteriormente. Ao final deste passo, você pode começar um novo ciclo OODA para averiguar a eficiência, e o que pode ser corrigido.
Embora este ciclo não necessariamente apresenta nada diferente do processo de decisões de muitas pessoas, o diferencial está em aplicar a agilidade a este ciclo. Essencialmente o primeiro passo do ciclo (Observe) nos oferece uma chance de olhar pra trás e verificar se estamos mesmo no caminho certo, se nossas decisões passadas nos deram os resultados certos ou esperados.
Para as pessoas do mundo do Software, OODA vem naturalmente já que forma a base de todas metodologias de desenvolvimento ágil moderna, como o Scrum. Para os outros, faço a analogia de procurar um local desconhecido numa cidade a pé através do GPS.
Você começa com uma idéia vaga de onde o local se encontra, bota o celular no bolso e vai caminhando naquela direção. Quando acha que está se aproximando, saca o celular de novo e analisa. “Opa, é mais pra frente.” Bota no bolso e caminha mais. “Opa, passou.” Bota no bolso e volta. “Ah, é aqui na esquerda.” E assim vai, até chegar no destino.
Fácil? O difícil, porém, é colocar essa prática num âmbito mais generalizado no cotidiano.
Quantas vezes você olha para trás, faz a retrospectiva e assessa se suas decisões foram tomadas corretamente? Resolução de ano novo não vale!
Quantas vezes você reflete sobre alguma decisão recente, mesmo que pequena, e o impacto que esta teve na sua vida, no seu cotidiano?
Você já parou pra analisar se alguma coisa da sua rotina não está te trazendo benefícios?
Etc.
OODA ajuda porque quanto mais rápido você pode realizá-lo, mais rápido irá poder identificar erros e, mais importante, corrigí-los para atingir a meta o mais rápido possível.
OODA like to dance?
A beleza do OODA está no fato que ele torna o perfeccionismo irrelevante. Não importa se você não acertou de primeira. Não importa se você não tirou 100% no teste. O que importa é quão rápido você consegue perceber que não acertou, replanejar e tentar novamente para acertar.
Enfim, sumarizando em uma frase, eu diria: Fast iterations beat perfection. Ou, como nas palavras do próprio John Boyd:
The pilot who goes through the OODA cycle in the shortest time prevails because his opponent is caught responding to situations that have already changed
E finalmente, as rápidas iterações explicam por que o Leopardo consegue caçar sua presa quando os dois correm em velocidades próximas; o Leopardo alcança a presa porque ele consegue prever a mudança de direção dela antes, e se corrigir para alcançá-la em antemão.
Abraços!
Muito bom essa colocação. Somos tão robotizados que acabamos não observando. A observação é a chave para chegarmos no ponto que tanto desejamos conquistar. Afinal como considerar o planejamento como início se tampouco observamos e, mesmo assim, queremos ser velozes. É para pensar. Valei Pinguim!
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